quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os limites da competência

É aceitável que boa parte dos empreendedores de sucesso sinta orgulho pelas empresas que construíram ao longo de muitos anos de dedicação e se satisfaça sem reservas quando o merecido reconhecimento público de terceiros aparece em suas diferentes formas. Clique em "Mais Informações" e saiba mais sobre o assunto





Contudo, alguns deles acabam engolidos pela vaidade, deixando-se levar pela crença de que possuem superpoderes pessoais para resolver todo e qualquer tipo de desafio corporativo que surja pela frente. A velha história da arrogância instalada pelos êxitos passados, na qual o empreendedor abandona a humildade e a prontidão características dos primeiros anos de trabalho.
Inúmeras companhias brasileiras vão à bancarrota ano a ano exatamente porque seus gestores combinam autoconfiança em demasia com o sentimento de infalibilidade e isto não tem ocorrido apenas com as pequenas. O castelo de areia do grupo de empresas geridas pelo antes idolatrado Eike Batista é uma prova disto.
Movido pelo desejo de ser o homem mais rico do mundo, Eike investiu boa parte do seu tempo nos últimos anos para construir, a partir do zero, grandes corporações e projetos faraônicos em mineração, logística e petróleo, dentre outros diferentes mercados. Tudo indica que este foi um erro crucial do empresário, pois a incapacidade de administrar simultaneamente as peculiaridades dos vários empreendimentos agora é levantada por analistas como uma das principais explicações para o desempenho pífio do grupo EBX.
Quando um negócio empresarial encontra-se em ascensão, os obstáculos a serem superados tendem a mudar de complexidade e natureza. Por conseguinte, é comum que o dia a dia dos dirigentes passe a exigir deles capacidades muito superiores àquelas mobilizadas até então para resolver os problemas corriqueiros. A questão é que nem sempre os administradores se dão conta disto ou têm estofo para atuar dentro do novo paradigma estabelecido.
É por isto que tenho especial apreço por aqueles que reconhecem o limite da sua competência. Estas pessoas sabem captar com sensibilidade ímpar contextos nos quais precisam de apoio ou é mais prudente tirar o pé do acelerador, já que sua experiência e visão são escassas para seguirem adiante.
Indivíduos cujo lema é algo do tipo: se você não sabe como resolver um problema novo que aparece, procure alguém que possa orientá-lo a fim de tomar a decisão certa. Ou seja, gente que não tem o ego inflado e recorre a experts como a coisa mais natural do mundo, afinal se é importante aprender com os próprios erros, também é verdade que alguns deles são desnecessários e ainda podem custar muito à sua empresa ou carreira.
Nas organizações em que o tema governança corporativa passou a ser encarado com seriedade já não é incomum encontrarmos proprietários que recrutam executivos do mercado para tocar as companhias fundadas por eles e, humildemente, colocam-se como aprendizes. Maturidade que só um empreendedor consciente de seus limites pode ter.
Enquanto isto, algumas empresas fecham as portas exatamente porque seus gestores não estão nem aí para o futuro da organização e sim preocupados apenas em manter o controle total acerca das decisões, dentro do olhar infantil: "É meu e você não vai pegar!"...
Se você dirige uma empresa - seja ela grande ou pequena -, procure identificar até onde vai a sua competência de gestão e em quê precisa de ajuda para fazer aquilo que é certo. Este tipo de consciência fundamenta a boa dose de desprendimento que encontramos em vários dos empreendedores que alçaram suas companhias ao estrelato nos mais diferentes mercados e é aquilo que reprimiu a arrogância que poderia tê-los destruído.

Fonte: RH.com.br
Autor: Wellington Moreira

VG

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