sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Criatividade: competência que determina parâmetros para o sucesso ou o fracasso

A criatividade passou a ser considerada uma competência essencial para a sobrevivência tanto das empresas quanto dos profissionais, pois ela será a responsável por fazer todo o diferencial para o negócio e, consequentemente, a ascensão do talento que deseja destacar-se. Clique em "Mais Informações" e saiba mais sobre o assunto
 A criatividade é um privilégio ou pode ser desenvolvida? É restrita a apenas a alguns profissionais ou setores estratégicos? Para responder a essas e outras questões, o RH.com.br entrevistou o consultor Tom Coelho. Segundo ele, a criatividade é uma competência muito mais comportamental do que técnica e depende apenas da predisposição do profissional em exercitá-la. "Você pode ler livros, fazer cursos e aprender técnicas, mas fundamentalmente procure abrir seus olhos, ouvidos e sua mente para uma nova forma de observar o mundo à sua volta", assinala, o entrevistado que traz em sua bagagem a experiência de ser conferencista, escritor com artigos publicados em 15 países, além de autor do livro "Sete Vidas - Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional", lançado pela Editora Saraiva. Tom Coelho é um dos palestrantes da Jornada Virtual de Liderança 2013, evento promovido pelo RH.com.br, que acontece no período de 12 a 27 de setembro próximo. Na ocasião, ele irá conduzir a palestra "Marketing Pessoal - Construindo a sua Carreira". Boa leitura e aproveite a oportunidade para repensar se seu potencial criativo está merecendo uma boa dose de estímulo!
RH.com.br - O que leva a criatividade a ser considerada a competência que traz o diferencial para as organizações?

Tom Coelho - Considerando-se que as empresas estão todas como ditizadas, oferecendo produtos e serviços muito similares em relação à qualidade e mesmo aos serviços prestados, a criatividade surge como competência essencial, pois pode propiciar às organizações a diferenciação, único argumento capaz de notabilizar uma empresa frente às demais.
RH - Identificar talentos criativos está cada vez mais difícil?
Tom Coelho - Sim, porque vivemos uma era marcada pela mediocridade, na qual viceja a tendência a fazer apenas o possível, fazer mais do mesmo, fazer apenas aquilo que minimamente se espera. Os profissionais de hoje são formados em um sistema que estimula esta mediocridade, comprovado por cursos de graduação e pós-graduação nos quais a quantidade se sobrepõe à qualidade e onde alunos perseguem um certificado de conclusão sem interesse real em realmente aprender. Mas, claro que há exceções.

RH - A criatividade está diretamente relacionada à quebra de paradigmas? 
Tom Coelho - Não necessariamente, mas como a criatividade introduz novos conceitos e percepções, é comum derrubar um paradigma estabelecido e, por conseguinte, promover um novo. A resistência à mudança, que nos acorrenta aos paradigmas vigentes, é a responsável pelo declínio e extinção de muitas empresas líderes de mercado que poderiam ser vanguardistas em seus mercados. Assim, os fabricantes de máquinas de escrever, por exemplo, poderiam ser os precursores dos teclados ou dos processadores de texto.

RH - A criatividade possui "ingredientes" indispensáveis?
Tom Coelho - Sem dúvida alguma. O primeiro ingrediente é a informação, não apenas qualitativa, mas também quantitativa. Além disso, é comum notarmos que a criatividade envolve simplicidade, ou seja, muitas das melhores soluções não são dispendiosas nem tampouco complexas. A funcionalidade também é essencial, ou seja, uma iniciativa criativa deve ser pragmática e exequível. Por fim, a criatividade envolve transpiração, isto é, literalmente trabalho duro para ser implementada. No âmbito da comunicação e do marketing, eu acrescentaria outros dois ingredientes: a sensibilidade e o humor, pois ambos potencializam o resultado das campanhas.

RH - Quais os principais passos de um processo criativo?
Tom Coelho - Podemos dizer que os principais passos são: Identificação - qual o problema a ser resolvido? A invenção do velcro por George de Mestral, em 1941, surgiu de sua observação dos carrapichos que grudavam em sua roupa e nos pelos de seu cão em suas caminhadas pelos Alpes. Preparação: buscar informações, dentro e fora da organização, para resolução do problema. Como dizia Louis Pasteur, "a oportunidade favorece a mente preparada". Aquecimento: aplicação de técnicas de brainstorming e do funil da inovação, segundo o qual precisamos de muitas ideias para, em convergência posterior, chegar às ideias aplicáveis. Incubação: distanciar-se momentaneamente do problema, para que as informações obtidas sejam processadas e sinalizem para uma solução. Iluminação: a intuição ou insight decorrente do processo de incubação. Elaboração: aplicação das ideias e soluções formuladas nas etapas anteriores, com muito empenho e esforço. O violoncelista catalão Pablo Casals ensaiava dez minutos para cada três segundos de música. Verificação: comprovação da efetividade, eficiência mais eficácia, do processo criativo.

RH - O que nunca deve ocorrer em um processo de estímulo à criatividade?
Tom Coelho - O cerceamento de ideias, a censura e a ironia, pois grandes soluções decorrem do inusitado e de pessoas que aparentemente mostram-se mais introspectivas e retraídas, por vezes receosas em apresentar suas ideias e que precisam ser estimuladas.

RH - Quais os obstáculos mais comuns que os profissionais criativos deparam-se no dia a dia corporativo?

Tom Coelho - A necessidade de cumprir metas, o que estabelece uma rotina rígida de tarefas, limitando o tempo e o espaço para o desenvolvimento e aplicação da criatividade. Ademais, é essencial o envolvimento da alta cúpula, que promove uma autêntica cultura da inovação no seio da organização, incentivando a colaboração e o trabalho em equipe.
RH - Dentre os obstáculos da criatividade, encontram-se os bloqueios mentais. Como esses podem ser superados pelas lideranças, a fim de que suas equipes sintam o sabor instigante da criatividade?
Tom Coelho - identificado e combatendo estes bloqueios mentais, quais sejam: o hábito de perseguir uma única resposta certa, quando há outras soluções possíveis; buscar uma lógica arraigada a modelos mentais; seguir normas, obstruindo a possibilidade de se fazer o novo; evitar ambiguidades, quando é a partir delas que o inusitado pode florescer; acreditar que a criatividade é atribuição de poucas pessoas, em especial daqueles que atuam na área de marketing, quando na verdade é uma competência que pode e deve ser disseminada em toda a organização.

RH - Quem mais ganha com a criatividade: as empresas ou os profissionais? 

Tom Coelho - As empresas, pois podem se diferenciar a partir das soluções inovadoras. E profissionais, que passam a se sentir protagonistas dentro da empresa e devem ser reconhecidos e beneficiados pelos resultados que as organizações auferem.
RH - Para quem pensa que ser criativo é privilégio para algumas pessoas, que recado o senhor pode deixar registrado? 

Tom Coelho - A criatividade é uma competência muito mais comportamental do que técnica, ou seja, depende apenas da predisposição do profissional em exercitá-la. Você pode ler livros, fazer cursos e aprender técnicas, mas fundamentalmente procure abrir seus olhos, ouvidos e sua mente para uma nova forma de observar o mundo à sua volta. Habitue-se a questionar tudo, perguntando-se constantemente: "Isso é necessário?" e "Por que isso é assim?".

Fonte: RH.com.br
Autor: Patricia Bispo

VG

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