Um grande amigo me questionou quanto à dúvida de um
amigo seu. Seu amigo disse: “Não faço o que gosto, mas gosto do que faço”. Disse a ele que escreveria sobre o assunto.
Essa frase é emblemática, e para mim tem vários sentidos e
sentimentos implícitos. Ele se refere à carreira, o trabalho em si. Clique em "Mais Informações" e saiba mais sobre o assunto
Numa conta simples, o profissional que trabalha
8h por dia, mas que acorda cerca de 2h antes e chega em casa 2 horas depois do
expediente, terá voltado suas energias e tempo dedicado ao trabalho cerca de
12h POR DIA. Ou seja, mais da metade, e se formos contar tempo/horas úteis, é
mais alarmante. Apesar de ideal, poucos dormem por 8h. Então somemos 6h de sono
mais 12h, num total de 18h menos às 24h do dia, teremos de sobra somente 6h.
Então essa pessoa terá apenas 6h por dia para fazer outras atividades, e terá
12h de dedicação ao trabalho. Isso significa um pouco mais da metade da vida.
Vivemos numa sociedade que se deteriora cada vez mais,
consumindo o que não se precisa e vivendo de ostentação. Quase não há
felicidade por si só, por alcançar o que se quer puramente, há sempre a
comparação com o outro. Daí, que a grama do vizinho é sempre mais verde.
Então, entramos nesse jogo, que vira um círculo vicioso, em
que chegar à frente significa possuir mais bens materiais e status que
realização pessoal. E é tudo tão imediatista que não teremos tempo para nos
dedicar ao que mais gostamos, mas ao que trará resultado mais rápido. É a corrida
de ratos, como citado no livro “Pai Rico Pai Pobre”, no entanto, lá a citação
era sobre finanças. Mas é o mesmo exemplo, círculo vicioso.
Assim, influenciado pelas necessidades, escolhemos o caminho
mais curto, ou seja, abrir mão de sonhos, por uma carreira mais promissora,
mais rápida, onde já estamos envolvidos. Daí será preciso aprender a gostar
desse trabalho, e esquecer que sempre se sonhou com outra coisa.
Não, eu não sou visionário, nem madre Tereza, sei que vivemos
do capital. No entanto, não acredito que seja bom nem saudável, dedicar metade
de toda minha vida em torno de algo que tenho que fazer força pra gostar todo
dia. Isso quando podemos escolher, porque, tem muita gente que não tem essa
opção, infelizmente.
Gostar do que se faz é muito importante, mas fazer o que se
gosta me parece o ideal, pois, assim, o prazer que terá será tão especial, que
naturalmente a recompensa é gerada, social e economicamente. Porém, esse ciclo
leva um tempo para se aperfeiçoar. Se por qualquer motivo não temos esse tempo,
é difícil mesmo conciliar os interesses.
Agora, é com preocupação que vejo as pessoas se distanciarem
de seus objetivos logo no momento da escolha do curso no vestibular, optando
por curso que não tem a menor afinidade, realizando sonhos dos pais em
detrimento aos seus, dando respostas aos amigos e à sociedade e não a si mesmo.
Não há uma regra, mas é certeza que tudo isso tem relação direta com as
chamadas doenças da modernidade, como depressão, pânico e uso discriminado de
algum tipo de droga. Geralmente as pessoas ficam com esses distúrbios em
consequência de um longe período de ansiedade e/ou estresse. Quer motivo maior
para geração dessas sensações que a frustração de ter deixado de lado o que
tanto se quis, um objetivo, um sonho, uma carreira. Imagine isso te corroendo
por 20, 30, 40 anos e a cada dia tendo que provar mais e mais, tendo que gerar
melhores resultados, cuidar da família, só mesmo sendo um super-herói pra
aguentar.
Por tudo isso, fazer o que se gosta, ainda está no topo das minhas
escolhas de vida.
Fonte: Portal Educação
Autor: Emerson Silva
VG
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