A alta
competitividade e a rotatividade do mercado de trabalho atual despertam
em algumas pessoas a necessidade de se sentirem mais compromissadas com a
organização em que atuam. Algumas buscam inconscientemente essa
dedicação aparente para se sentirem úteis e valorizadas, pois se
tornaram dependentes do vínculo afetivo que criaram com o trabalho. Clique em ''mais informações'' e saiba mais sobre esse assunto.
"Vestir
a camisa" de uma empresa, embora para muitos pareça um fator positivo,
pode ser uma grande armadilha. Um indivíduo que passou boa parte de sua
vida em uma instituição, investindo em seu trabalho e esperando uma
valorização em troca, está mais propenso a entrar em um grande conflito
interno, em caso de desligamento. Esse tipo de situação é mais comum
entre os profissionais da geração X, que colocaram em suas carreiras
altas doses de vínculo "aspiracional".
Já a geração Y passa pelo
movimento contrário: são descamisados profissionais. Quando entram em
uma instituição, eles têm como prioridade seus próprios sonhos e suas
próprias metas. Esses jovens são colaboradores desapegados que possuem
uma identidade própria independentemente da organização em que
trabalham. Já as gerações anteriores adotaram para si a identidade de
suas organizações.
Os profissionais mais jovens tendem a se
preocupar, primeiramente, com o que consideram importante e relevante
para si mesmos. E, por isso, colocam os ideais e as metas da empresa em
um plano paralelo ao seu, e são movidos por desafios contínuos.
Realização. Para eles, salário e benefícios não são motivos de
comprometimento. Sua permanência em uma organização está, geralmente,
relacionada à capacidade que a empresa tem de inovar e reconhecê-los.
Essa geração crê que o objetivo de seu trabalho é a realização pessoal.
Comparando
as duas, é possível perceber como as mudanças econômicas, políticas e
sociais influenciaram o comportamento dos indivíduos no mercado de
trabalho.
A reestruturação pós-crise, por exemplo, alterou as
relações da "pessoa" com a "empresa". Diante de qualquer oportunidade de
troca, um profissional contemporâneo não hesitará em migrar de
companhia. Isso ocorre porque muitos têm hoje uma relação meramente
profissional com o trabalho, o que é saudável. Afinal, o vínculo
emocional não é mais estável, já que muda de acordo com as diferentes
situações vividas dentro da organização.
Nesse contexto, o que
antes era visto como honra e mérito, hoje soa como careta e até
repulsivo. Mas vale lembrar que a geração Y não teve tempo de
desenvolver habilidades como a geração anterior. Os mais velhos
aprenderam com a escola da vida e, justamente por isso, entram em
conflito com os mais novos.
Muitas vezes, um Y tem dificuldade em
confiar em um X, pois se esquece de que aquela pessoa pode até ter
menos conhecimento teórico do que ele, mas tem muito mais experiência e
habilidade para lidar com situações diversas.
A geração Y vem com
o mesmo defeito de fábrica que as anteriores: cresceu dentro de um
modelo educacional que privilegia o individualismo e a competição, o que
há tempos é um grave problema em vários lugares do mundo. Na escola, o
aluno é valorizado por seu desempenho individual, e quanto maior forem
suas notas, melhor será sua valorização.
Espírito de grupo. Quando
esses indivíduos vão parar no mercado de trabalho, eles não sabem
trabalhar em equipe, pois passaram a vida toda sendo valorizados por
aquilo que faziam individualmente. Sendo assim, eles têm muita
dificuldade de compartilhar conhecimento.
Fazendo todas essas
considerações, o que nossa experiência demonstra é que todo sentimento
em demasia gera desequilíbrio. E esse fato pode prejudicar o
desenvolvimento profissional.
Se por um lado "vestir a camisa"
pode ser algo negativo, dependendo das proporções que tal
comprometimento tiver, ser um profissional sem amarras nem consonância
com os ideais da corporação também pode contribuir para relações
efêmeras e superficiais, que em nada viabilizam o crescimento.
Autor: José Augusto Figueiredo é Chief Operating Officer (COO) da DBM na
América Latina e presidente do International Coaching Federation – ICF
Brasil
T.O
0 comentários:
Postar um comentário